sexta-feira, janeiro 15, 2010

Em falta

Escrever a esta hora da manhã é quase um pecado. Não o acto em si de escrever, mas todo o Universo que conspirou para que, incrivelmente, a esta hora da "madrugada" esteja eu em frente ao computador, já fora de casa, com os pés gelados, numa sala demasiadamente grande e fria física e humanamente.
Se o Universo quer, assim seja. Não vou discutir com ele, porque não se discute com ninguém antes das nove horas da manhã :))

Falta-me aqui o mar, naquele murmúrio miraculoso e intenso, naquele grito de amor e dor de tantas preces, de tantas promessas a cumprir, de tantos fortes desejos. Faltam-me mais uns dias para te poder ver de novo. Imensidão e paz em que mergulham mortais, farrapos de pó divinos.
Falta-me a vertigem da troca de olhares.
Falta-me o polegar na palma da minha mão, em deslize perfeito, em elíptica que entontece e arrepia.
Falta-me o coração aos pulos entre o instante em que te espero e o momento em que te avisto a chegar. Fica tudo bem, depois. Faltas só tu, que teimas em não chegar.
Falta-me o sorriso rasgado pelas emoções de pele e de alma que se atrasam no relógio de pêndulo que teima em oscilar pouco e em velocidade irregular.

Falta-me só beber uma meia de leite, quentinha, para começar o dia, de novo, com esperança.
Falta-me só um último beijo em forma de poema, se um dia o merecer.

3 comentários:

. disse...

isso foi muito bonito. muito bonito :)

e sabes que há-de sempre ser perfeito, humanamente perfeito, enquanto faltar.

Maria Sy disse...

sem palavras...
simplesmente... fantástico!

Catraia_Sofia disse...

:) Posso corar?! :)