quarta-feira, novembro 29, 2006

Portíco

- foto de aifos -

À frente um mundo

A beleza e o encanto

A incerteza certa da doce melodia

Que só se escuta a dois.

domingo, novembro 26, 2006

Conchas

Conchas que guardas,
conchas que deixas para quando voltares.

Céu aberto,
noite escura,
resguardo na tua concha,
procurando a luz e o momento,
temendo o amanhecer.


Conchas que encontras no areal
que brilham no reflexo da estrela que me deste
e fazem sentido entre aos nossas mãos.




- foto de aifos -



sábado, novembro 25, 2006

Rómulo de Carvalho


Suspensão Coloidal

«Penso no ser poeta, e andar disperso

na voz de quem a não tem;

no pouco que há de mim em cada verso,

no muito que há de tudo e de ninguém.

Anda o cego a tocar La Violotera,

e eu a vê-lo e a cegar;

e a pobre da mulher esfregando e pondo a cera,

e eu a vê-la, e a esfregar

Que riso perto, que aflição distante,

que infíma débil, breve coisa nada,

iça, ao fundo, esta draga carburante,

rasga, revolve e asfalta a subterrânea estrada?

Postulados e leis e lemas e teoremas,

tudo o que afirma e fura e diz sim,

teorias, doutrinas e sistemas,

tudo se escapa ao autor dos meus poemas.

A ele, e a mim».

_______________________________António Gedeão


Tempo de Poesia

«Todo o tempo é de poesia

Desde a névoa da manhã

à névoa do outo dia.

Desde a quentura do ventre

à frigidez da agonia

Todo o tempo é de poesia

Entre bombas que deflagram.

Corolas que se desdobram.

Corpos que em sangue soçobram.

Vidas qua amar se consagram.

Sob a cúpula sombria

das mãos que pedem vingança.

Sob o arco da aliança

da celeste alegoria.

Todo o tempo é de poesia.

Desde a arrumação ao caos

à confusão da harmonia».

_______________________________António Gedeão

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Rómulo de Carvalho: professor e poeta. Ler e recordar!

domingo, novembro 19, 2006

Só uma imagem


_ foto tratada por aifos_

Estonteante

Semana chata, longa, estonteante.

Houve agradáveis tardes, sim.
Houve desporto, também.
Houve alguns quilómetros de estrada, q.b..

Mesmo assim uma semana chata.

E no blogue nenhum comentário ao meu último post que por acaso, só mesmo por acaso, gostei de escrever?

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- Se posso fazer desabafos no Caderno de Apontamentos, posso também fazer cara triste aos não-comentários? Pois...

segunda-feira, novembro 13, 2006

Saber de cor

Sabes de cor os números de telefone de pessoas passadas, esquecidas, mas não sabes o do teu amigo.
Sabes de cor os algarimos do teu VISA mas não sabes os algarismos do preço do brinquedo que te pediram.
Sabes de cor as cores do teu guarda fato, mas desconheces as cores da bandeira do teu país natal.

Sabes tudo demasiado de cor e sabes pouco pelo sentimento forte que faz pulsar o coração.


Sabes de cor o anúncio repetido na rádio, mas não sabes a música favorita de quem te ama.
Sabes de cor o primeiro poema do livro do poeta conhecido, mas não leste o poema que escreveram com o teu nome.
Sabes de cor como é a voz do apresentador do noticiário da noite, desconheces o timbre da minha voz neste instante importante para mim.

Sabes tudo demasaido de cor, com pouca presença e carinho nas mãos que enfias nos bolsos.


Sabes de cor a que sabe o toque, desconheces o toque quando o coração vibra de paixão.
Sabes de cor o cheiro a café, não sabes o cheiro a café partilhado numa chávena alta, em pleno inverno, com a chuva na vidraça.
Sabes de cor as flores que se vendem na esquina do lado, mas nunca cheiraste uma.

Sabes tudo demasiado de cor...


Sabes de cor o momento em que vou sentir saudades, o instante em que bebo o leite antes de adormecer, os passos que dou antes de entrar no ginásio, mas ainda não me disseste quando o fazes, e eu não sei de cor.

Saber de cor,
as sombras que teu sol provoca,
as palavras que tua boca não diz,
e desconhecer o quente de um abraço.

domingo, novembro 12, 2006

Pneu

Pneu furado é...

Há uma primeira vez para tudo e esta que foi a minha primeira vez: descer do carro para ver o que se passa porque quando vou para arrancar sinto algo esquisito, e.... zás o pneu está em baixo.

Pior, pior a ideia que apertam os pneus nas máquinas, e para os tirar, com uma simples chave de ferro torna tudo bem mais complicado.
Pior, pior, pior estar numa zona de passagens de pessoas, mas em hora morta e com poucas disponibilidades para ajudar.
Pior, pior, pior, pior ter o tempo a correr contra mim e o pneu ainda em baixo.

Melhor, conseguiu-se trocar o pneu, ir a uma oficina arranjar o outro, pagar relativamente pouco e chegar a horas ao destino.


Pneu furado é isso mesmo, peripécia do dia a dia e anotação em caderno "para mais tarde recordar e gargalhar"!

quinta-feira, novembro 09, 2006

Queria escrever poesia.
Queria sentir a poesia.
Mas hoje não. Não consigo.

Farta de ser tudo para os outros e me ir despedaçando com isso.
Hoje mais despedaçada. Ajudar e ajudar, e acabar vivenciando as dores dos outros.

Só quero dormir, conseguir dormir, e acreditar que amanhã estará melhor.
Só quero isso.


- peço desculpa pelo desabafo.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Cinema - ao domingo

Cinema - ao domingo.

Assim foi mais um domingo que parecia cinzento do lado de fora da janela,
que parecia cinzento do lado de cá da epiderme.
Sim, cinzento.

Cinema - ao domingo.
Dois filmes que deram um toque.
Sossegaram a chuva lá fora, as lágrimas cá dentro.

O filme da noite, apenas e só uma comédia, fraquinha, mas que sempre deu para umas gargalhadas soltas, desinibidas, alegres.
O filme da tarde, diferente. Banal à primeira vista. Surreal, também.
Levanta questões: o que foi o teu passsado? o que queres do teu futuro? e tudo isso nas mãos abertas do presente... «Nunca é tarde», será?

sábado, novembro 04, 2006

Fonte

Fonte de água viva,
"viva" em águas soltas,
beijo molhado roubado e solto ao vento
numa noite de primavera.

Teu brilho poético e sedução,
minha saudade...





- foto de aifoS -


Fonte de emoções,
tua voz a tremer,
palavras escritas depois de uma noite longa,
oferecidas entre mãos trémulas.

Teu brilho no olhar e poesia,
minha saudade...

quarta-feira, novembro 01, 2006

Curva

Curva e contracurva.
Mais uma manobra,
mais um pouco do caminho que se percorre.

As dúvidas no futuro,
a indecisão se pela estrada ou se se encosta um pouco.

Curva, mais uma.

Paralelos seguidos,
sequências de linhas e formas no chão.
Pedras. Cristais.
Desalinhados, desencontrados.

Curva, mais uma.

Perpendiculares perfeitas...
em ângulos agudos e obtusos
que se estranham e se questionam
pela imperfeição!

Não é constante.
Não é linear.
Não é azul celeste.
Só mais uma curva, e mais nada.