segunda-feira, julho 30, 2007

Fogo e Noite

És fogo e noite
labareda de odores e cores,
calor infernal de epiderme e corpo molhado.

És fogo e noite
na beleza de uma gargalhada
e no ritmo descompassado das nuvens que te desenham no céu.

És fogo e noite
contornos de lábios quase perfeitos
húmidos e sedentos
de outros dias, de outras águas.

És fogo, noite e sustento.
Somos noite e fogo sem alento,
arrepio e respiração, suor e maresia...


_foto de aifos_


quinta-feira, julho 26, 2007

Não lucidez (I)

Doce o mel que trazemos nos lábios quando nos apaixonamos,

Quente a sensação de estarmos de mãos dadas no cinema,

Forte o bater do coração quando estamos à espera de alguém especial,

Arrepio quando prenunciamos o seu nome e a resposta é um beijo de amor...

quarta-feira, julho 25, 2007

António Gedeão

POEMA DO AUTOCARRO

Quantos biliões de homens! Quantos gritos
de pânico terror!
Quantos ventres aflitos!
Quantos milhões de litros
do movediço amor!
Quantos!
Quantas revoluções na cósmica viagem!
Quantos deuses erguidos! Quantos ídolos de barro!
Quantos!
até eu estar aqui nesta paragem
à espera do autocarro.
E aqui estou, realmente.
Aqui estou encharcado em sangue de inocente,
no sangue dos homens que matei,
no sangue dos impérios que fiz e que desfiz,
no sangue do que sei e que não sei,
no sangue do que quis e que não quis.
Sangue.
Sangue.
Sangue.
Sangue.

Amanhã, talvez nesta paragem de autocarro,
numa hora qualquer, H ou F ou G,
uns homens hão-de vir cheios de medo e sede
e me hão-de fuzilar aqui contra a parede,
e eu nem sequer perguntarei porquê.

Mas...

Não há mas.
Todos temos culpa, e a nossa culpa é mortal.

Mas eu só faço o bem, eu só desejo o bem,
o bem universal,
sem distinguir ninguém.

Todos temos culpa, e a nossa culpa é mortal.
Eles virão e eu morrerei sem lhes pedir socorro
e sem lhes perguntar porque maltratam.
Eu sei porque é que morro.
Eles é que não sabem porque matam.
Eles são pedras roladas no caos,
são ecos longínquos num búzio de sons.
Os homens nascem maus.
Nós é que havemos de fazê-los bons.

Procuro um rosto neste pequeno mundo do autocarro,
um rosto onde possa descansar os olhos olhando,
um rosto como um gesto suspenso
que me estivesse esperando.

Mas o rosto não existe. Existem caras,
caras triunfantes de vícios,
soberbamente ignaras
com desvergonhas dissimuladas nos interstícios.
O rosto não existe.

Procura-o.

Não existe.

Procura-o.
Procura-o como a garganta do emparedado
procura o ar;
como os dedos do afogado
buscam a tábua para se agarrar.

Não existe.

Vês aquele par sentado além ao fundo?

Vês?

Alheio a tudo quanto vai pelo mundo,
simboliza o amor.
Podia o céu ruir e a terra abrir-se,
uma chuva de lodo e sangue arrasar tudo
que eles continuariam a sorrir-se.

Não crês no amor?

?

Não ouves?

?

Não crês no amor?

Cala-te, estupor.
Tenho vergonha de existir.
Vergonha de aqui estar simplesmente pensando,
colaborando
sem resistir.

Disso, e do resto.
Vergonha de sorrir para quem detesto,
de responder pois é
quando não é.
Vergonha de me ofenderem,
vergonha de me explorarem,
vergonha de me enganarem,
de me comprarem,
de me venderem.

Homens que nunca vi anseiam por resolver o meu problema concreto.
Oferecem-me automóveis, frigoríficos, aparelhos de televisão.
É só estender a mão
e aceitar o prospecto.

A vida é bela. Eu é que devia ser banido,
expulso da sociedade para que a não prejudique.

Hã?

Ah! Desculpe. Estava distraído.
Um de quinze tostões. Campo de Ourique.

António Gedeão


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Ouvi este poema, por três vozes, em declamação numa noite serena de verão, ainda há pouco... e gostei! Sentir e declamar com "garra" tornou-o ainda mais fenomenal!

sábado, julho 21, 2007

Acordes

esses são os acordes que trago no peito,
a sensação de vertigem
e a dor de só ser azul o céu lá longe.

esses são os acordes da velha viola,
das cordas que se dedilham
e dos sons que se ouvem mesmo quando fugimos.

esses são os acordes soltos do grito,
da voz rouca,
dos passos pequeninos de quando se anda nas estrelas.

esses são os acordes que se ouvem da rua,
se sentem na pele suada
e nos beijos no traço de um contorno.

esses são os acordes duma tarde soalheira,
em pingos de chuva na relva suave sobre a qual caminham os dias...

sexta-feira, julho 20, 2007

Ser do seu tamanho ;)

"Porque eu sou do tamanho do que vejo
e não do tamanho da minha altura..."

Fernando Pessoa

segunda-feira, julho 16, 2007

«Encosta-te a mim»

«o que não vivi, hei-de inventar contigo»

domingo, julho 15, 2007

Aurora Boreal

Cores e luzes na noite branda, amena, em solidão.

Cores de mil tonalidades,
Mistura de proporções, poções e intenções.
Multiplicação de brilhos, em somatório de frequências e comprimentos de onda profundos, únicos.

E o céu, já não o é. As estrelas também não.
Tudo de repente é aurora, sonho doce e luminoso,
porque os teus olhos tudo transformam!

Cores e luzes num sol que já não é o mesmo,
e continua só!



segunda-feira, julho 09, 2007

Tolices

Bem sei que estavam à espera de poesia ou de um conto, uma crónica? Pois ainda não.
Deve ser o calor... tenho escrito mas tenho guardado... :)) daqui por mais uns dias já escrevo qualquer coisa para os apreciadores :))

Por enquanto trago "pequenas coisas":


Não ganharam todas as que eu queria. Mas ganharam aquelas que quase todos previam: afinal de contas era preciso votar e muitos votarem (privilégio para quem tem net, pode enviar sms, tem uns trocos no telefone).... analisando assim seria previsível.

Testes da Comercial!...
... já tinha visto nos blogs alguns resultados e respondi a um ou dois (o sol está a fazer-me mal à moleirinha, ;-)):


Este, tenho dúvidas, mas sim baunilha até 'ia' se bem, para quem conhece a ''peça'', adivinharia que preferia um chocolate ou cup&cino... ;-), um vinho tinto numa noite de luar ;o)

E este que se segue, hein?!


Desatei a rir!... As conclusões fantásticas que alguém tira perante a resposta a meia dúzia de perguntas :))


Eu avisei que era só tolices hoje, mas um Caderno de Apontamentos tem de tudo :) incluindo gargalhadas e sorrisos.

sexta-feira, julho 06, 2007

Dia a Dia (V)

_foto de aifos_


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E mais uma semana ocupada a 200% voou!...
Logo logo volto com palavras e poesia. Hoje deixo apenas uma imagem e até já...