"Foi um momento
O em que pousaste
Sobre o meu braço,
Num movimento
Mais de cansaço
Que pensamento,
A tua mão
E a retiraste.
Senti ou não ?
Não sei. Mas lembro
E sinto ainda
Qualquer memória
Fixa e corpórea
Onde pousaste
A mão que teve
Qualquer sentido
Incompreendido.
Mas tão de leve!...
Tudo isto é nada,
Mas numa estrada
Como é a vida
Há muita coisa Incompreendida...
Sei eu se quando
A tua mão
Senti pousando
‘Sobre o meu braço,
E um pouco, um pouco,
No coração,
Não houve um ritmo
Novo no espaço?
Como se tu,
Sem o querer,
Em mim tocasses
Para dizer
Qualquer mistério,
Súbito e etéreo,
Que nem soubesses
Que tinha ser.
Assim a brisa
Nos ramos diz
Sem o saber
Uma imprecisa
Coisa feliz".
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
Hoje procurei poesia e poesia encontrei.
Hoje procurei um abraço e no embaraço de criança, que sempre sou, ganhei sorrisos e instantes que a memória emotiva não apagará.
Hoje procurei o Sol nas sombras de um rosto luminoso e encontrei sorriso meigo e café quente.
Hoje sem procurar... tive tanto!
terça-feira, março 09, 2010
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3 comentários:
bem o dia hoje está propício há inspiração...
O brilho é do Fernando Pessoa, eu só tive um dia doce :)
seja o brilho de quem for, gostei mais da tua parte :)
nunca fui o maior fã do FP, e este poema está particularmente frio. uma tentativa de romantismo que leva a uma concretização muito bonita. pena que a concretização não seja dele lol
beijinho*
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