«RECEITA PARA FAZER O AZUL
Se quiseres fazer azul,
pega num pedaço de céu e mete-o numa panela grande,
que possas levar ao lume do horizonte;
depois mexe o azul com um resto de vermelho
da madrugada, até que ele se desfaça;
despeja tudo num bacio bem limpo,
para que nada reste das impurezas da tarde.
Por fim, peneira um resto de ouro da areia
do meio-dia, até que a cor pegue ao fundo de metal.
Se quiseres, para que as cores se não desprendam
com o tempo, deita no líquido um caroço de pêssego queimado.
Vê-lo-ás desfazer-se, sem deixar sinais de que alguma vez
ali o puseste; e nem o negro da cinza deixará um resto de ocre
na superfície dourada. Podes, então, levantar a cor
até à altura dos olhos, e compará-la com o azul autêntico.
Ambas a s cores te parecerão semelhantes, sem que
possas distinguir entre uma e outra.
Assim o fiz – eu, Abraão ben Judá Ibn Haim,
iluminador de Loulé – e deixei a receita a quem quiser,
Às vezes um pouco de cor, um pouco de azul... para um fim de semana mais saboroso - ou pelo menos nessa tentativa!
4 comentários:
azul... seja em qq tom.. é a minha cor preferida.
beijinhos
Também adoro o Azul!
:)) Azul céu, azul mar, azul sonho!
Blue(s)... indolente, sofredor, a nota que mexe com a nossa sensibilidade até ao limite.
Mar__Céu__
O crescimento que dói. Sempre. Sem fuga. Um dia, talvez, depois de todos os enigmas desvendados, a dor passa a doce recordação.
Beijos
:) Nem mais!
Em relação a dor, sempre se quer, sempre se deseja que "a dor passe a doce recordação", mas até passar...
Obrigada pela visita. Volta sempre!
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