quarta-feira, março 08, 2006

Fundo da rua

É possível que estejas, tu mesmo, ao fundo da rua
mas não é certo que estejas lá quando lá passo.
É certo...

Tal como é possível não estares, nunca mais, ao fundo da rua.
É possível.

E pára, pára com essa argumentação que
nunca mais
é tempo, muito tempo, tempo a mais para ser pronunciado.
Pára.

É possível que ao fundo da rua esteja a felicidade
mas não é certo que eu a veja.

É possível que estejas, tu mesmo, ao fundo da rua
mas não é certo que estejas lá quando lá vou.

É certo que pode estar ali mesmo, ao fundo rua,
aquilo que brilha no meu âmago.
Tal como é certo que o rio tem uma força telúrica enorme,
que Lisboa foi porto de encontros e reencontros,
que a fonte que jorra água, molha-te o rosto
como as lágrimas que se limpam com beijos,
que cada lugar é feito de presenças e de melodias,
que é certo que estamos nas ruas que percorremos...
... mesmo que as não sintamos sob os pés doridos.

É certo que a dor finda no encanto de novo amanhecer.
Início e fim nas mesmas notas musicais!

Ao fundo da rua... pátios de luz!

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